terça-feira, 22 de julho de 2014

Benfica & BES: Sempre de mão dada


Fonte: Económico

Até que ponto chega a exposição do BES a Benfica, Porto e Sporting


Baseado nos relatórios das três SAD relativos a 2012/13, António Samagaio traça uma estimativa de 215,2 milhões quanto à relação do Grupo com os três principais clubes.

A convulsão que tem afectado o BES atinge múltiplos sectores da sociedade e a exposição ao futebol não escapa. Professor de Economia no ISEG, António Samagaio deixa a sua apreciação ao assunto: "De acordo com a informação divulgada pelas SAD nos relatórios e contas de 2012/13, estimo que a exposição do Grupo BES ascendesse a 215,2 milhões de euros em 30 de Junho de 2013. Do total da dívida, 67,8% correspondia a financiamentos classificados em curto prazo, facto bem elucidativo da necessidade em manter o suporte financeiro do Grupo BES para que as três SAD possam continuar as suas operações", comenta. Desses 215,2 milhões, a maior parte (113,739 milhões) diziam respeito à SAD benfiquista, destacando-se os 72,5 milhões de dívida individualizada.

Aproveitando informações posteriores relacionadas com o tema, o docente acrescenta: "Mais recentemente, a relação entre a Porto SAD e o Grupo BES intensificou-se com o aumento do financiamento concedido em 26,7 milhões euros, contribuindo para que o banco detivesse uma quota de aproximadamente 52% da dívida classificada em empréstimos bancários e obrigacionistas a 31 de Março deste ano." 

Ainda assim, Samagaio deixa um alerta: "Estes valores da exposição do Grupo BES ao futebol estão certamente subavaliados, dado que não consideram a dívida das empresas que não estão incluídas no perímetro de consolidação das SAD (por exemplo, a dívida associada à construção do novo Estádio de Alvalade), bem como eventual financiamento concedido à Benfica SAD pela via do programa de papel comercial que está sujeito a um contrato de colocação e tomada firme por parte do BES e BESI."

O contexto das ligações

Numa perspectiva histórica, António Samagaio analisa o contexto em que têm sido exercidas as ligações do Grupo BES às SAD. "Nos últimos 10 anos, o Grupo BES tem sido um importantíssimo parceiro na actividade desenvolvida pelas empresas ligadas ao futebol dos três grandes (Benfica, Sporting e Porto). Essa relação foi materializada em operações diversas, desde os tradicionais empréstimos bancários nas suas diferentes modalidades, passando pela prestação de serviços relacionados com a organização, montagem e colocação de produtos financeiros (empréstimos obrigacionistas, VMOC, papel comercial), bem como gestão de fundos de investimento em jogadores, culminando com a tomada de posição no capital social da Benfica SAD."

Tudo somado, resta a confirmação de que os maiores clubes do futebol português têm assegurado a sua actividade com menos sobressaltos por causa do relacionamento com a banca, fulcral no financiamento.


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Este artigo não trás nada de novo ao que já se sabia: a dependência do Clube junto da Banca, para garantir o seu normal funcionamento. Funcionando à semelhança do Estado Português nos últimos anos, o Benfica empreendeu uma politica de sobre-endividamento, vivendo acima das suas possibilidades e completamente desfasado da realidade do pais. 

Anteriormente já abordei a questão do aumento salarial anual e essa é apenas a ponta do iceberg... Nunca poderei concordar com quem argumenta "Não te preocupes pois o activo é superior ao passivo!"... A que custo? Liquidando o clube em absoluto? Perspectiva completamente irreal... O importante seria ter ganhos anuais suficientes para controlar o passivo e gradualmente apostar na sua redução. Não faz sentido apostar na alienação completa de atletas, estruturas e afins, apenas para dizer "se eu quiser, eu pago ". Lembro as palavras de Luís Filipe Vieira na sua ultima entrevista, indicando que se "o Benfica fosse liquidado agora, pagaria todas as suas contas e ainda sobraria dinheiro para distribuir pelos sócios". Basicamente o Presidente considerou que é tão ou mais importante honrar as suas dividas à custa da própria existência do clube... Nenhum adepto concerteza se revê nestas palavras. As dividas deverão sim ser honradas, mas tendo por base politicas sustentáveis que não obriguem o clube regularmente a garantir empréstimos junto da Banca.

Porque não evitar o rebentar da bolha? 
Porque não evitar constantemente situações quase de insolvência?
Porque não procurar politicas de crescimento sustentável? 
Porque não apostar definitivamente na formação do clube?
Porque não rever a politica de empréstimos?  
Porque não criar patamares salariais mais baixos, indexando prémios à performance desportiva?
Porque não redefinir a estrutura do clube? 

Perguntas que dentro de 1/2 anos veremos respondidas... Só esperamos que não seja como resposta a uma grave crise financeira. 


Vejam o Take II...

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